Ingressos da década de 1970 Foto: Fábio Santoro |
Ariovaldo de Arruda Botelho, de 74 anos, conhecido por Ari, é um baú de histórias e curiosidades. Ao mesmo tempo, é um dos veteranos da televisão brasileira e foi um profissional que há muito tempo desapareceu dos cinemas de São Paulo.
Servindo a Aeronáutica em Santos durante a Segunda Guerra Mundial, Ari fazia trabalhos com equipamentos eletrônicos, o que possibilitou que conseguisse um emprego na TV Tupi em 1956 como câmera e operador de som. Na mesma época, trabalhava também para a emissora de Vitor Costa, atual TV Globo.
Ari entrou para o mundo da Cinelândia fazendo fiscalização de ingressos para a Universal. À época, os ingressos eram selados, tanto pelas companhias de cinema quanto pela prefeitura. Em filmes de grande bilheteria, como os de bang-bang protagonizados por Audie Murphy, era comum haver “ciranda”. O ingresso era vendido na bilheteria, passava pelo porteiro, que o segurava e o devolvia na bilheteria – ou seja, o mesmo ingresso era vendido várias vezes – a ponto de ficar ensebado por passar por tantas pessoas – e o dinheiro era repartido entre os funcionários que participavam do esquema.
Embora os gerentes alegassem não conhecerem o vaivém de ingressos, Ari garante que eles sabiam bem o que acontecia. Além das cirandas, havia também uma outra troca, da qual Ari participava – mas sem desvio de dinheiro. Fã da sopa vendida próximo à galeria Metrópole e do cinema de mesmo nome, Ari trocava com a atendente um bom prato por entradas para o cinema, às quais tinha direito.
Um personagem que também faz parte da história da Cinelândia é lembrado por Ari: a pulga. À época, havia uma piada sobre o Cine Metro, um dos mais requintados, sobre o fato de o espectador ganhar 50 cruzeiros se achasse uma pulga lá – mas deveria ser uma com carimbo da companhia, não levada de casa. Há também outra referência ao inseto, sobre os cinemas chamados de “pulgueiros”, como o Santa Helena e o Mundi, na Praça da Sé, que não exibiam propriamente filmes pornográficos, mas sim de menor qualidade.
Por: Alexandre Moitinho - RA: 462245-6
Grupo: Cinemas antigos de São Paulo
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