Mais de dois anos depois, cinegrafista que caiu com helicóptero de TV continua voando
Foto: Alexandre Borracha |
“Era uma manhã normal, o dia estava bonito e tínhamos que cobrir um assalto a um posto de gasolina, no Morumbi”. É assim que o cinegrafista Alexandre Silva de Moura, conhecido como Borracha, lembra o começo do dia que mudou a vida dele. Por volta das 7h20 do dia 10 de fevereiro de 2010, o helicóptero Águia Dourada, da TV Record, em que ele e o piloto Rafael Delgado Sobrinho estavam teve uma pane. O problema aconteceu durante um intervalo comercial do telejornal matutino ‘SP no Ar’. O comandante tentou pousar no gramado do Jockey Club, na zona oeste da capital, mas a aeronave entrou em um giro incontrolável e caiu. A notícia foi dada com muita comoção pelo apresentador Luciano Faccioli, minutos depois.
Rafael morreu na hora. Borracha foi levado em estado grave para um hospital. Ele deu entrada com uma contusão no tórax, fraturas nas costelas, vértebras lombares, maxilar, traumas abdominal e cranioencefálico e hemorragia cerebral. Ficou em coma induzido e 44 dias depois do acidente, o cinegrafista recebeu alta médica. “Saí sem nenhum tipo de sequela. Hoje estou aqui, bem.”, conta. Para ele, a maior perda foi a do amigo. Borracha e o comandante Rafael já se conheciam há mais de dez anos e trabalhavam juntos todos os dias. “O Rafa que me deu as aulas de voo, ele era como um pai para mim”. Hoje, Borracha já completou as horas de voo necessárias para se pilotar helicópteros.
Borracha tem 39 anos e continua trabalhando na Record. Atualmente ele é responsável por coordenar o uso do helicóptero da emissora, mas não deixou de voar. “Quando há necessidade, vou, não tenho medo”.
Carioca, ele já trabalhava como cinegrafista na Record do Rio. “Uma vez vi a propaganda do helicóptero da Record na TV e falei que ainda trabalharia com isso”. Não demorou para o destino conspirar a favor dele. “Pouco tempo depois, decidiram começar a usar helicóptero na Record Rio e escolheriam algumas pessoas para passar por treinamento em SP, candidatei-me e acabei indo”. Desde então, ele nunca mais deixou de participar de grandes coberturas aéreas.
O dia a dia da equipe de jornalismo aéreo da Record envolve pressão dos jornalistas que ficam na redação, condições climáticas, concorrência, mas também muito companheirismo. “Todas as equipes de outras emissoras que estão no ar se conhecem, se dão bem, a concorrência existe, mas antes disso prezamos pela segurança”. Um piloto e um cinegrafista decolam diariamente para mostrar os acontecimentos da maior cidade do país. São acidentes, incêndios, desabamentos, assaltos e diversos tipos de flagrante.
São cerca de três horas no ar, quase sempre ao vivo, durante algum telejornal. As informações chegam à equipe quando já estão voando e partem para o ponto indicado. “Precisamos ser rápidos, tentar encontrar o que está acontecendo só com os olhos e depois focar com a câmera”, relata Alexandre.
A paixão pelos helicópteros é evidente. Recentemente Borracha foi à França. Curiosamente, ele reviveu, em um simulador, a mesma pane que provocou o acidente no Jockey Club. Só que desta vez, como piloto da aeronave, cargo ensinado pelo amigo Rafael, que não está mais com ele desde aquele dia.
Por: Fernando Melis - RA: T827JA-3
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