Foto: Reprodução |
Após seis anos dos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado de São Paulo, ainda restam algumas perguntas sem respostas. O Estado, através da Secretária de Segurança Pública, nega falhas. A sociedade, principal vítima, vive amedrontada com medo de um novo episódio, depositado o medo entre a facção criminosa e a segurança pública, numa briga entre poderes, no qual bandido e mocinho dividem os mesmos papéis.
Em maio de 2006 o Estado de São Paulo viveu tempos de terror em pleno ano de eleição presidencial e estadual. Naquele ano o então governador do Estado, Geraldo Alckimin renunciava seu cargo como governador do Estado para concorrer a presidência da república, disputada com o ex-presidente Lula. Em seu lugar, assumia o cargo o professor Claudio Lembo, vice de Alckmin, para governar o maior Estado do Brasil.
Naquele ano, em meio a corrida eleitoral, o PCC já tramava há algum tempo uma ação que chamasse a atenção da sociedade para a situação do sistema carcerário do país. Com o apoio e treinamento do preso político chileno Maurício Norambuena, ex-colega de penitenciária de Marcola, atual líder da facção, o Primeiro Comando da Capital viu naquele cenário o momento oportuno para dar inicio ao que ficou conhecido como – O dia que São Paulo parou – o maior ataque da historia do Brasil do crime organizado. Do dia 12 de maio até o dia 15 daquele mês cerca de 251 ataques contra o poder público foram registrados, segundo dados da Secretária de Segurança Pública do Estado. Dentre os ataques, 82 de ônibus foram incendiados, bases da PM e do Corpo de Bombeiros foram metralhadas, 46 mortos entre PM’s e agentes penitenciários, além de 73 presídios em rebelião simultânea no país.
Segundo o capitão da polícia militar de São Paulo, Moisés do Nascimento, a policia não havia informações de que haveriam ataques da facção no Estado, o que agravou a situação. Muitos policiais estavam de férias, outros estavam de folga naquele final de semana, esses foram surpreendidos com suas casas invadidas por bandidos e assassinados na frente de suas famílias. Com isso, na tarde de sábado, dia 13 de maio, a PM cancelou todas as férias e folgas da corporação, e todos foram para as ruas na tentativa de controlar o caos que havia se instalado em toda São Paulo. Moisés completa dizendo que ao ver seus colegas e amigos pessoais morrendo assassinados pelo PCC, foram para as ruas com todo o gás que a situação exigia, tentando de diversas táticas acabar com os ataques.
Segundo informações da Secretária de Segurança Pública, os ataques se deram devido a transferência de 12 líderes do PCC para o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau durante o feriado de dias das mães. O que causou revolta dentro dos presídios e a reação da facção. O secretário da Administração Penitenciária, da época, Nagashi Furukawada, não voltou atrás da decisão de transferência dos presos o que só agravou a situação.
O governador interino Claudio Lembo recusou a ajuda da governo federal com o apoio através da Força Nacional, homens treinados para agir em situações de extrema insegurança pública. A atitude do governador foi criticada pela sociedade civil e pela imprensa, que o chamou de irresponsável.
Na tarde de domingo, 14 de maio, após uma reunião em sala fechada no presídio de Presidente Venceslau, chegaram ao fim os ataques do PCC no Estado. Participaram da reunião o líder da facção, Marcola, a advogada do PCC, o comandante da PM Ailton Araújo Brandão; o corregedor Antônio Ruiz Lopes, representante da SAP (Secretaria Estadual de Administração Penitenciária); e o delegado da Polícia Civil José Luiz Cavalcante. O governador e os representantes da polícia estadual negaram qualquer acordo com o PCC para cessar os ataques.
Ao todo, 493 pessoas morreram entre os dias 12 e 15 de maio de 2006, vítimas do conflito entre o crime organizado e a policia. Segundo o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública e as entidades de direitos humanos, a maioria dos crimes registrados foram causados devido a forma truculenta de reação da PM. A maioria dos civis mortos naquele período não tinham passagem pela polícia e até hoje apenas uma família de vítima foi indenizada pelo Estado.
Por: Vagner Francisco Vital dos Santos - RA: A15398-5
Grupo: PCC
Nenhum comentário:
Postar um comentário