domingo, 27 de maio de 2012

EX-ALUNA RESTAURA A PRÓPRIA VIDA E SE TORNA ESTAGIÁRIA DE MONITORIA DO MEMÓRIAS CONSTRUÍDAS


Foto: Reprodução
A sala de aula está cheia de adolescentes, conversa rolando solta, fofocas, curiosidades, histórias e risadas. Os professores organizando o início da aula e sambando para conseguir começar as atividades de restauro do projeto Memórias Construídas da VIA CULTURA.

Tudo normal, como deve ser quando se lida com adolescentes, aqueles seres rebeldes, questionadores e sempre prontos pra agitar o ambiente. Mas a atenção se volta à uma menina. Menina mesmo, 16 anos, olhar esperto e no mesmo ritmo dos demais, não fosse o fato de não ficar presa à uma só rodinha de amigos. Gláucia circula, fala um pouco com um, com outro, entrega aventais, distribui cadernos e, aos poucos, vai botando ordem na casa, organizando a bagunça até que as duas professoras consigam iniciar a aula.

Não. Gláucia não é a aluna CDF, certinha que só quer saber da aula. Desde o 2º semestre de 2011 ela é monitora estagiária do Memórias Construídas, posto que alcançou por ser adolescente, moleca, mas também por “ter se destacado tecnicamente, participado e acompanhado diversas atividades da VIA CULTURAL, tanto do projeto como externas, além de ter um ótimo diálogo com alunos e profissionais do projeto ”, conta Anna Marcondes, presidente da VIA CULTURAL e que acompanhou todo o caminho de Gláucia até se tornar estagiária.

Nascida no bairro da Brasilândia, zona norte de São Paulo, Gláucia já tem histórias para contar. De origem humilde, foi criada pela avó materna, devido à carga horária de trabalho dos pais. “Eu era uma meninona. Era antissocial, não brincava muito com as crianças, mas adorava subir em árvore e ouvir música. Eu aprontava bastante, mas aprontava quieta” conta.

Mas os pais se separaram, os problemas familiares que abalaram sua estrutura, fez amizades – boas e ruins – surgiram oportunidades e fez algumas escolhas que não a levaram para o caminho mais fácil. O ambiente no seu entorno ficou complicado por algumas tensões e brigas, conheceu situações de violência e agressão. Entre uma aula cabulada aqui, uma fugidinha ali, uma baladinha acolá, Gláucia passou de uma menina levada pra uma adolescente complicada, se é que existem adolescentes que não são assim; numa briga com outras meninas, a coisa complicou. A bronca foi grande  e a consequência foi a perda do tempo livre e da liberdade pra fazer as coisas como antes.

Por: Felipe Grellet - RA: A27590-8
Grupo: 180°

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